A Fada

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Sou uma fada bem pequenina a voar,

sobre uma mata cheia de árvores a embelezar

um belo rio que corre a deslizar

suas águas cheias de peixinhos a navegar.

Um barulho ouvi, vou escutar,

e atenta com meus olhos vou procurar

que som é esse tão alto a ressoar

por toda a mata e ainda o rio faz balançar?

Ouço o barulho e o cheiro que sinto me faz pensar

que folhas e árvores alguém está a esmagar...

Mas o que seria tão forte assim?

É o Gigante chegando a mim!

Um forte encanto preciso fazer

para este grandão conseguir conter!

Tudo ele está esmagando afinal,

até os índios já fazem sinal

de sair correndo para que ele não lhes faça mal!

Ele não sabe bem o que faz

mas tal maldade não me satisfaz.

Colocar em risco tantas vidas assim?

Isso certamente precisa ter um nobre  fim!

Cansado ele parece estar,

então já sei que magia empregar,

farei com que ele durma bastante enfim,

fará paisagem no meu jardim,

pois sono de gigante dura muito tempo sim!

O tempo passou, a paisagem mudou

e o Gigante em morro se transformou.

Deitado tranquilo em um sono profundo,

agora faz parte das belezas do mundo!

                                                          
                                                        Cristina Meirose

Ideias para brincar com a poesia:

Esta é mais uma poesia inspirada na Lenda do Gigante de Pedra, contada há muitos anos no município de Montenegro/RS.

Nesta poesia é a fada a personagem em destaque e que pode ser interpretada pelas crianças assim como o grande gigante. Também surgem na poesia as árvores da mata, o rio, os peixinhos, os índios e demais personagens que brotam na mente durante a poesia.

Pode ser interessante ler a poesia para as crianças pedindo que elas fiquem atentas ao que vai acontecendo. Assim, naturalmente, sem acordos prévios, elas poderão interpretar os papéis que vão surgindo. Alguns ou talvez todos serão a fada e também o gigante, talvez não. Talvez se transformem nas árvores ou nos índios, ou ainda no rio, ou em todos os personagens. 

É importante observar as escolhas de cada uma e conversar sobre elas. Sobre a atitude da Fada e também sobre a atitude do Gigante. Sobre as árvores que foram esmagadas e os índios que sentiram medo.

Será que a atitude da Fada foi correta?

Será que a Fada fez mal para o Gigante?

E a atitude do Gigante?

O que aconteceu?

Quanto tempo será que dorme um Gigante? Mil anos??? Mais??? Quando será que ele irá acordar de seu sono profundo?

Será que os índios sentiram medo?

Como foi o medo deles?

Alguém já sentiu medo?
E as árvores esmagadas, o que será que acontecerá com elas?
É importante preservar?
É possível reflorestar?
Onde moravam os índios? Onde estão agora?
Por que a paisagem vai mudando com o tempo?

Deixe a imaginação das crianças voar pois estamos falando de poesia, imaginação, faz de conta, estimulando a criatividade que é muito bem vinda em todas as idades! Lembre que a imaginação pode tudo: árvores de troncos coloridos, céu com cores e formas nunca antes vistas, coisas "malucas", isto é, transbordando de criatividade.

É principalmente na infância que devemos explorar e respeitar a imaginação e criação dos pequenos pois estaremos exercitando uma área importante do cérebro, o que facilitará em muito o seu interesse em aprender e explorar o mundo.

Acredito que muitas destas perguntas e outras ainda podem ser transformadas em belos projetos de pesquisa junto aos pequeninos. O melhor tema para um projeto é aquele que parte da curiosidade das crianças pois o principal, que é a vontade de aprender, já está presente.

Fazer registos fotográficos de um mesmo local ou paisagem durante diferentes momentos do dia na escola ou em casa com a família pode ser interessante para ver o que mudou. Uma imagem pela manhã, outra à tarde e outra à noitinha, por exemplo.

Pesquisar imagens antigas da escola, casa ou cidade e comparar com a atual paisagem é um ótimo exercício.

E que tal observar e pintar uma paisagem? O Morro São João pode ser uma ótima dica. 

E se a fada transformasse outras coisas? Casulos em borboletas, flores em frutos, crianças em adultos, etc. E que tal registrar "um antes e depois" com rostos sem e com maquiagem e cabelo arrumado diferente? 

Penso que a fotografia serve muito bem para registrar esses momentos.

A poesia também traz elementos ligados à audição e ao olfato, o som do gigante, o cheiro das folhas e árvores. Talvez explorar outros cheiros, utilizar o olfato, ouvir outros sons. Talvez até sons tão altos que façam alguma coisa balançar...

Mas é claro que falar sobre a atitude do gigante e da fada e sobre cuidado, responsabilidade, o que é certo e o que é errado também é muito importante. 

Será que se alguém não aprendeu o jeito certo de fazer algo ele é tão culpado assim sobre o que faz?

E o que é o jeito certo? Podem existir diferentes jeitos?

Penso que o jeito certo é aquele que não prejudica mas sim aquele que faz o bem e melhora algo.

Por exemplo: e se algum colega fizer algo errado, devo contar? Bem, penso que contar com o propósito de resolver algo e querer fazer do mundo e do amigo alguém melhor é sempre o caminho correto. Porém, contar a mesma coisa para alguém com a intenção de fofocar, prejudicar é fazer o mal. O que muda é a intenção. Boas intenções fazem o bem, más intenções propagam o mal. 

A poesia traz uma boa oportunidade para conversar sobre ética e diversos outros assuntos do dia a dia com as crianças e é importante que elas conversem, digam aquilo que pensam  e tirem suas próprias conclusões.

Por isso, a polêmica que pode surgir a partir da decisão da fada em adormecer o gigante pode também ser tema para trabalhos com adolescentes e adultos.

Um tribunal de acusação e de defesa dos personagens pode funcionar muito bem em todas as idades, O resultado deste tribunal irá depender de cada acusação e defesa e da visão dos  jurados e decisão do juiz

Uma ideia bastante interessante é realizar a atividade em diversas turmas e apresentar os resultados em cartazes pela escola para que todos possam apreciar.

São realmente muitas possibilidades a serem exploradas a partir desta poesia. Aqui apresento apenas algumas.

                                             Com muito carinho, Cristina!